sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Então Prove!

Não discuta com um menino de vinte e um anos, diz o poeta para mim mesmo que tento entender. Um menino de vinte e um anos (o poeta me diz que eu bem sei sobre isso, já tive esta idade), ainda é um menino de vinte e um anos, idealizando a vida dos sonhos, escondendo arestas. O poeta diz: vai falar sobre a constelação mais longe, ainda não vista por Carlos, Vinicius, Ferreira... Vai poeta vagabundo, busca no fundo dos oceanos o que não foi descoberto, prove a existência do monstro do lago Ness, mas não prove a sua palavra, ela não precisa ser provada.
Não discuta com um menino de vinte e um anos, porque ele ainda é um menino, não sabe o que é se chamar homem. Por ser frágil, delicado e sozinho, ele ainda não sabe diferenciar o que é certo e errado. Então, eu paro. Quem está escrevendo agora é o poeta? Ou o meu sentimento de ranço, misturado com a coisa toda que mais detesto encarnada? Para. Respira. Escreve:
O céu é tão azul!
Para. Respira. Descreve:
Os olhos todos são coloridos sem fim!
Pronto. Aqui está o poeta novamente. Prove? Palavra por palavra. Duas pessoas paradas em um carro dão o que falar. Mas, então prove! Não quero, não preciso provar. O mundo real não é científico, um poeta não é exato. Um poeta é simbólico, e eu sou simbólico de fato! Minha obsessão por carros e violência se deve a isso. Tocando “Bitch Better Have My Money” da sequência do seu pendrive, voltando do posto de gasolina, da conveniência em que fomos comprar cigarros.
Então prove! Não quero provar nada. Já tive uma prova e não gostei do que provei. Não gostei da mesma forma de outra poesia, em que disse que não gostava de você como não gosto de frutas secas e uvas passas (isso me veio na cabeça pelo Natal).
Não discuta com um menino de vinte e um anos. Ele é apenas um menino. O poeta também é um menino, mas quem escreve já é homem formado, não na faculdade, nem na pós-graduação. É homem formado por assumir riscos e responsabilidades, mesmo quando não são executados.
Não discuta com um menino de vinte e um anos, não por não ter argumento (o poeta aqui deixa bem claro, que todos os anos – dois para ser mais preciso – que entrou na sua meca sagrada nacional, serviram para ser argumentativo ao extremo, piorando a minha tendência taurina natural de ser do contra), mas por saber que não se teima com uma criança, o poeta vive com uma de três anos que garante que o cachorro abriu a porta da geladeira e pegou um pote lá de dentro!
Então prove? Provar o quê? Provar o passado? Não meu querido, não mesmo. Eu sou poeta e não historiador.

Dia 03 de Novembro de 2017, Vinicius Osterer.