Parado na
frente do espelho eu encaro a minha verdade. Encaro a face de um alguém chamado
Vinicius André, Vinicius Osterer, Vicenzo Vitchella, diabo a quatro qualquer...
O que percebo é que tudo está mais acertado, mudado, estragado, vivido. E fico
indignado pensando que tenho apenas 24 anos. Isso é mais do que um quarto da
expectativa de vida de um homem, brasileiro com hábitos saudáveis. Idade parece
estatística, então não penso mais sobre isso.
Sobre
cabelos já parei de pensar, do enrolado ao liso, meu cabelo é bipolar. Mas meus
olhos, estes sim não mudaram nada. Da cor meio verde acastanhada, do mesmo
menino que ainda mastiga um punhado de chicletes na boca.
E os
sonhos? Não consigo sonhar coisa pouca! Fico sentado imaginando como seria
se... E fico colorindo os “se” com todas as cores do universo. Paro e penso e
crio um verso, me lembrando das vezes que olhava para o céu de noite e imagina
que estava caindo sem gravidade em um espaço sem matéria, minha criança sorri
fora da Terra, e entro em órbita em outros espaços e galáxias, sentindo um
buraco negro no meio do peito, é não tem jeito...
Então pego
um livro e tento parar de sentir, vou assistir um filme e tento não me
interessar pelas coisas que tenho na cabeça. E repito para mim: “Se esqueça! Se
esqueça! Ame menos! Sinta menos! Seja menos! Faça menos! Queira menos!” caso
perdido. Deito na cama e me sinto incompreendido. Quem é que prende em uma
camiseta um coração de papel?
E lá vou
eu tonalizar meus cabelos. Lá vou eu me olhar novamente no espelho e tentar
achar algum resquício de que sou um homem crescido. Lembro das contas a pagar,
do tempo que está perdido, que sou desempregado e tão iludido. Aí desabo sobre
o peso dos anos e fracassos, acumulo um punhado de rugas e os olhos carregados
de espaços, que precisam existir mas não existem. O mundo é tão cruel assim?
Eu grito:
“Vou parar de escrever! Preciso de dinheiro para sobreviver!” mas quando
percebo estou escrevendo, estou colocando tudo para fora e me interessando
menos por coisas que deveria me interessar mais. Seria fácil? Me traria paz.
Mas tanto faz... A vida é um tanto faz...
Parado na
frente do espelho eu encaro as minhas respostas. Então jogo água no rosto e dou
as minhas costas, porque estou cansado daquilo que sou: “Sinta menos! Seja
menos! Faça menos! Queira menos!”
Eu não
consigo. Sim, repito olhando para o chão: “Eu não consigo. Preciso destas
coisas para viver”. Não poderia ser um universo descoberto? Então escrevo e me
sinto completo, e fico indignado pensando que tenho apenas 24 anos.
Dia 16 de Agosto de 2017,
Vicenzo Vitchella.
Nenhum comentário:
Postar um comentário